Estudo revela uma bactéria mutante resistente a antibióticos
Londres (Reino Unido) - Uma nova linhagem de bactéria que tem se espalhado rapidamente e vem se mostrando resistente à maioria dos antibióticos está deixando a comunidade médica de todo o mundo em alerta, anunciaram os cientistas num artigo publicado nesta quarta-feira na revista Lancet.
Turistas que viajaram ao sul da Ásia com o objetivo de fazer cirurgias estéticas levaram consigo para a Grã-Bretanha este novo tipo de bactéria mutante. As infecções hospitalares que já eram difíceis de ser tratadas tornaram-se ainda mais resistentes aos medicamentos em consequência de uma enzima descoberta recentemente e que deixa a bactéria muito resistente.
A enzima chamada de NDM-1 foi identificada pela primeira vez ano passado pelo professor Timothy Walsh, da Universidade de Cardiff, em dois tipos de bactéria - Klebsiella pneumoniae e Escherichia coli (E.coli) - em um paciente sueco internado em um hospital da Índia.
As bactérias NDM-1 são resistentes até ao ''carbapenem'', um grupo de antibióticos utilizado como última tentativa em tratamentos de emergência contra bactérias resistentes a muitos remédios.
Os cientistas afirmaram que as bactérias foram introduzidas na Grã-Bretanha por pacientes que viajaram a Índia e Paquistão para fazer cirurgias estéticas.
"Se estas infecções continuassem sem o tratamento apropriado, com certeza poderíamos esperar algum tipo de mortalidade", declarou Walsh, professor de microbiologia, à rádio BBC.
"Vai ser muito difícil tratar as infecções nos pacientes com este tipo de bactéria. Você não vai ficar bem".
No estudo, coordenado por Walsh e pela Universidade Karthikeyan Kumarasamy de Madras, os cientistas tentaram determinar a presença da NDM-1 no sul da Ásia e no Reino Unido.
Examinando pacientes com sintomas suspeitos em hospitais, eles detectaram 44 casos - 1,5% dos pesquisados - em Chennai, e 26 (8% dos pesquisados) em Haryana, cidades da Índia.
Também encontraram a superbactéria em Bangladesh e no Paquistão, assim como 37 casos na Grã-Bretanha, alguns em pacientes que haviam retornado recentemente de cirurgias estéticas na Índia e Paquistão.
"A Índia também é responsável por cirurgias estéticas de outros cidadãos europeus e americanos, e é provável que a NDM-1 se espalhe pelo mundo", afirma o estudo, publicado na na revista médica britânica Lancet.
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