WASHINGTON (AFP) — A forte revisão para baixo do PIB dos Estados Unidos no quarto trimestre, anunciada nesta sexta-feira, mostra em que velocidade a atividade se deteriorou na primeira economia mundial no fim de 2008 – e aponta para uma situação tão ruim quanto no começo de 2009.
Em uma segunda estimativa oficial, o departamento do Comércio revelou que a baixa do PIB alcançou 6,2% em ritmo anual em relação ao terceiro trimestre, contra os 3,8% incialmente anunciados. Os analistas já esperavam esta revisão, mas não imaginavam que seria tão forte, com 5,4%. Esta contração da atividade é a mais aguda desde o primeiro trimestre de 1982.
Por outro lado, o PIB americano não tinha dois trimestres consecutivos de queda desde a recessão registrada entre o fim de 1990 e o início de 1991.
Estas cifras “são, talvez, o indicador mais claro dos atuais males da economia americana”, estimou o analista Augustine Faucher, do site Economy.com (agência Moody’s). “Atualmente, os Estados Unidos estão mergulhados na recessão mais profunda desde a depressão dos anos 30. Os problemas dos mercados de créditos se espalharam amplamente por toda a economia”, acrescentou.
De fato, os três tradicionais pilares do crescimento econômico – consumo varejista (que em tempos normais costuma representar mais de dois terços do crescimento americano), o investimento corporativo e o comércio exterior – despencaram em ritmo espetacular. O consumo caiu 4,3%, influenciando a evolução do PIB em -3,01 pontos percentuais.
O investimento, por sua vez, registrou uma baixa de 20,8% (-3,11 pontos do PIB), enquanto as exportações perderam 23,6% (-0,46 ponto do PIB). Ao mesmo tempo, os indicadores publicados desde o início do ano ainda não permitem que se sonhe com dias melhores dentro do curto prazo.
“As estatísticas divulgadas até agora para o primeiro trimestre mostram que estamos caminhando na direção de outro filme de terror, com novos recordes negativos nos índices de confiança dos consumidores, uma aceleração da queda do mercado de trabalho e novas reduções diretas no investimento das empresas”, explicou Rob Carnell, do banco ING.
No lado do consumo, os americanos têm apertado cada vez mais os cintos, preocupados com os anúncios constantes de demissões em massa. De acordo com o instituto privado de análise de conjuntura Conference Board, a população nunca se mostrou tão perturbada com um cenário de crise desde que a medição começou a ser feita, 40 anos atrás – nem mesmo em 1982, quando a taxa de desemprego chegou a 10,8%, contra os atuais 7,6%.
Diante deste panorama, as empresas adiam ao máximo seus planos de investimento, como comprovou na quinta-feira a queda das encomendas de bens duráveis registrada em janeiro: assustadores -5,2%, na sexta queda consecutiva, o que jamais havia ocorrido.
Fonte: AFP
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