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Rússia ampliará em 4 vezes arsenal de mísseis nucleares

quarta-feira, 10 de junho de 2009

85Com plano, Moscou planeja aumentar poder de barganha e desafiar futuro governo Obama

Tom Parfitt e Julian Borger

A Rússia lançou um novo desafio ao presidente eleito dos EUA, Barack Obama, ao anunciar nesta semana um plano de aumentar a produção de mísseis nucleares estratégicos. Na última de uma série de medidas belicosas do Kremlin, Vladislav Putilin, da comissão militar-industrial do Gabinete russo, disse que as forças do país encomendariam 70 mísseis estratégicos nos próximos três anos, como parte de um programa maciço de rearmamento que incluirá também mísseis de curto alcance, 300 tanques, 14 navios de guerra e 50 aviões.

Especialistas em assuntos militares disseram que o novo arsenal consistiria presumivelmente de mísseis balísticos intercontinentais com base terrestre (ICBMs), em vez de mísseis lançados de submarinos. Se isso se confirmar, os planos representam um aumento de quatro vezes na taxa de posicionamento desses mísseis intercontinentais. O arsenal incluirá um míssil de ogivas múltiplas de nova geração RS-24. Ele foi testado pela primeira vez em 2007, quando o vice-primeiro-ministro Serguei Ivanov alardeou que ele era “capaz de vencer qualquer sistema de defesa de mísseis existente ou futuro”.

Os novos mísseis farão parte de um pacote de Defesa de US$ 140 bilhões para o período de 2009 a 2011, um aumento de 28% em gastos com armamentos, segundo Putilin. Também estão previstos novos aumentos nos dois anos seguintes.

As novas aquisições militares ocorrem na esteira da guerra na Geórgia, em agosto. A Rússia expulsou facilmente as tropas georgianas, mas o conflito expôs fraquezas no Exército do país, incluindo equipamentos obsoletos e estruturas de comando mal coordenadas. O Ministério da Defesa declarou que faria reformas drásticas, transformando o Exército numa força mais moderna.

Na segunda-feira, o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, instou membros do gabinete a alocar rapidamente fundos para novas armas e controlar de perto a qualidade e o ritmo de sua produção. Especialistas militares disseram que a construção de 70 mísseis nucleares de longo alcance nos próximos três anos representa uma tentativa russa de fortalecer sua posição de barganha com Washington nas negociações sobre novas reduções de armas nucleares quando o tratado em vigor, Start I, expirar em dezembro do próximo ano.

A estratégia de Moscou parece ser desafiar a nova administração de Obama assim que ele assumir o poder, no dia 20. Quando Obama foi eleito, o presidente russo, Dmitri Medvedev, anunciou planos para posicionar mísseis Iskander de curto alcance no enclave de Kalinigrado da Rússia para se contrapor à instalação de um sistema de defesa antimísseis americano na Europa oriental.

O especialista em questões de desarmamento Ruben Sergeev disse que Moscou temia ficar atrás em uma nova corrida armamentista. “A Rússia está desmobilizando antigos mísseis da era soviética numa velocidade de várias dezenas por ano”, disse ele. “O Kremlin sabe que, se não aumentar rapidamente a produção de mísseis intercontinentais, não terá chance de conseguir um novo tratado de redução de armas com os EUA, que possuem uma quantidade muito maior de mísseis.” A decisão por um sucessor do Start I está paralisada por impasses nas negociações e pela situação de fim de mandato do governo Bush.

O principal negociador dos EUA, John Rood, disse na semana passada que o mais recente ponto de entrave foi a insistência russa de que o novo tratado cobrisse sistemas de longo alcance, como bombardeiros e mísseis, designados para armas convencionais e para ogivas nucleares.

Moscou também indicou que forneceria ao Irã novos mísseis de defesa terra-ar em desafio à oposição americana. Washington pediu mais informações sobre as vendas, temendo que as armas que estão sendo vendidas incluam mísseis S-300, que têm alcance de 120 quilômetros. Eles poderiam ameaçar aviões americanos no Iraque e também proteger sítios nucleares iranianos de ataques aéreos.

Os EUA deixaram de lado seus planos para uma ação militar contra o Irã, por enquanto, mas as autoridades americanas esperavam que o temor de um ataque israelense tornasse Teerã mais propensa a suspender seu enriquecimento de urânio.

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